3 de janeiro de 2022

Labirinto solitário


As vezes na calada do dia

As palavras turbulentas de um longo dia corrido

Pelas estreitas vielas que percorri

Pelos bilhões de grãos que roçam entre si

Um mero riso ou palavra de alento

O que é precioso

Visível,

Amável,

Se choca.

Transmuta apatia

Dilata a dor 

E de uma forma nunca antes sentida

Se completa.


As vezes pelo passar do tempo as coisas renovem,

O sentimento retorne,

Na plenitude

Incompleta.

Mas escancara e derrama

Desprezo

Sem peso na consciência,

Sem titubear.


E as palavras embargadas vomitadas

Sem sentido,

Sem conseguir,

De forma alguma,

Expressar o sentimento.


Nesse jogo incessante, que há 30 anos venho jogando,

Sozinho,

Ainda não descobri quem sou,

O que sentir,

Como expressar,

Como saber se o que sinto é o que sinto,

Ou o que queria sentir.


Nesse labirinto salgado

Que escorre pelo zigomático,

Com olheiras cinzentas,

Nariz ruborizado,

As junções mentais se confundem,

E trucidam qualquer sentimento.


Mas que sentimento?

Se me disseram que não tenho nenhum?

Aquele guardado,

Protegido,

Pela carcaça dura

Escura

Que parece indestrutível

Mas esconde uma terrível,

Grande,

Incontrolável,

Sensibilidade

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