24 de outubro de 2011

Sou eu, Sou eu!


E persistir num limite sem procurar outro é burrice,
Mas é uma burrice que não consigo entender nem ultrapassar.
O limite que cheguei, ninguém entende, nem nunca entenderá,
Só eu sei quanto fiz para chegar ao meu lugar, ninguem nunca saberá.

Em conjunto, tantas incertezas rondadas por eternas discussões,
Vou lutando contra o mal que a pressão vem me causando e
Tentando prosseguir nessa tarefa que é a vida.

Sendo um bobo, sendo um tolo, grosso ou ignorante,
Sendo desiludido, não entendido até mentido.

E quando a Morte passageira passar, não esquecerei de gritar:
- Sou eu! Sou eu!

3 de outubro de 2011

Uma carta perdida

Agradecimentos.


Hoje, trinta de janeiro de 1998, irradio o que jamais senti, ou se senti não expus: a gratidão. Pela minha mãe, Elvira. Você se foi a três anos e meio, mas, verdadeiramente, agradeço todo ensinamento e cada riso que me destes. Você, a mulher mais importante da minha vida, partiu sem ver-me passar no vestibular e não me verá formado. Grato estou, também, por acreditar que olhas daí de cima, e me apóia.


Agradeço também a meu irmão, meu gêmeo inconfidente. Somos diferentes, você de um lado eu d’outro, mas sei que tenho somente que te amar e dedicar um pouco desse sentimento que estou experimentando. Não sei por que és tão afastado de mim e do mundo. Não me importa.


Hoje completo e ultrapasso uma nova etapa de minha vida, que está apenas começando e, daqui por diante, não terá fim. Até minha morte (que será longínqua, assim espero). Ao fim de cada dia, ou noite, deito-me sobre meu travesseiro e rio, gargalho e divirto-me com minha consciência limpa, buscando relembrar memórias escondidas.


Acabei por achar a mais remota lembrança, e envolve meu irmão. Lembra-se, Victorio, quando fomos pela primeira vez ao zoológico? Tínhamos por volta de 7 anos. Eu ia à frente de todos, imitando o guia e todos os animais que passavam por perto, enquanto você estava emburrado com tamanha ociosidade. Eis que você, no meio do passeio, despistou a família.


Mamãe entrou em pânico ao ver que tínhamos te esquecido em algum canto daquele enorme parque. Procuramos por todos os lados, chamamos seguranças e ninguém achava você. Mamãe cogitou estupro, seqüestro, morte e todas as mazelas presentes nesse mundo. O que ela não imaginava era, porém, que seu filho estivesse sentado na frente de nosso carro no estacionamento, lendo seu gibi da Mônica. Quanto você apanhou aquele dia, não é? Apanhou sim, mas orgulhoso como és, derramou meia dúzia de lágrimas, silenciosas. Como eu queria suportar a dor que você consegue!


Agradeço também à mulher que amei e me fez feliz . Espero que, apesar de me desprezar (o que é pior que o ódio), você entenda a grandiosidade de tudo que passou entre nós. Os momentos que rimos e gritamos um com outro. A alegria que um dia semeamos, com toda a certeza, dará frutos, e muitos. Você foi e sempre será a primeira. Que me fez feliz. Que me acompanhou nas dificuldades. Que me amparou quando eu soluçava. Obrigado Maria!


E por último agradeço a Ti, o grande que, mais que tudo e todos, ajudou-me interna e externamente. Você que me amou nos momentos que te abandonei e me acariciou quando a única presença que eu desejava era a minha. Obrigado por ser tão abstrato e completo como és. Obrigado, meu Deus.


Assinado: Victor Beltrão