Porque viver num
passado que materialmente não existe?
Porque pensar num
futuro que durará alguns segundos?
Quem sabe num
mundo irreal de irreais pessoas não existam gente como a gente?
Como a gente em
todo o jeito de ser e em todas nossas semelhanças,
Exceto a ganância
e o egocentrismo.
Em galáxias, em
outros sóis, com outras luas e outras partículas,
Diferentes
frequências auditivas com diferentes cores e estudos.
Numa inteligência
artificial movimentada por um outro governo, um novo feudo intramundial.
E nessa roda
gigante que é a eternidade, o infinito, vejo-me pequeno,
Ínfimo. Reluto em
dizer que sou algo. Sou átomos, nêutros, prótons, elétrons,
Sou menos que
isso, neutrinos, pósitrons, sou nada.
Sou uma
antimatéria em constante ebulição com minha própria matéria, de modo que não
posso viver comigo nem sei como viverei sem mim.
Nessa angustiante
medida desconsertada que é a história da minha e de outras vidas,
Reflito porque
tantos se auto-vangloriam reis de tudo e de todos.
Reflito porque
tantos outros realmente acham que tem sempre alguém que é maior e melhor que
sua própria pessoa.
E nesse contíguo
pensamento reduzo o meu mundo numa imaginação humilhante,
Depredada pela
sociedade e pela minha própria interiorização.
Sou eu quem dá as
regras e que as sigo, em uma ditadura pessoal e intransferível.
Numa hereditária
regra colossal em que sou proletário e burguês, sou vassalo e sou senhor.
Sou capitalista,
sou comunista, anarquista, apartidário, acéfalo.
Somos caros como
ninguém é, somos um só num só plano de metas.
Em metas
desenvolvidas e desenterradas pela minhoca de três cabeças.
Somos seres
indissociáveis, insolúveis e insubstituíveis.
- Eles são mais
que nós, ele são mentores, são produtores de liberdade e calamidade,
ELES SÃO LOUCOS,
como o vento que sopra em nossos olhos.
E então,
manifestantes continuam lutando pela individual liberdade conjunta.
Em desconexas
palavras sigo minha receita atípica de intervenção de uma mente pouco
trabalhada e pouco lapidada.
Com outras
palavras, digo que monto estes versos em complexa realidade no mundo irreal e
paralelo em que insisto em viver.
Suo e congelo
minha voz pela repressão do meu governador chamado eu mesmo.
Governador
ambicioso e oportunista foi revelado como um maquiavélico ser insistente.
Um governador
governado por um presidente, chamado Arthur.