1 de fevereiro de 2014

A trangressora formiga mundana

Sucumbiu. Jussara passou todo esse tempo transgredindo regras e mais regras do Estatuto Intersocial das Formigas. Mas dessa vez passou os limites! Abusada. Ela tomou do mel das abelhas da periferia do jardim. Como começar a contar essa história?

Joana é a abelha dona da colmeia mais famosa do norte de jardim, mora perto da rodovia 420 sentido Meca. Em sua colmeia é produzido o mel mais saboroso, prazeroso e abominável do jardim. Seus efeitos incluem: satisfação, felicidade e provoca uma sensação de liberdade infinita. Tornou-se proibido e desprezado pela comunidade de Jardinlândia por ser comido por gafanhotos (criaturas marginalizadas por serem muito feias). Joana não tem problemas com gafanhotos e nem com ninguém do jardim, por isso produz esse mel.

Jussara sucumbiu a esse mal. Experimentou pela primeira vez com sua amiga Maria, que era uma grande amiga de Joana. Não pensou na ilegalidade de seu ato, e tomou, se lambuzou e se despiu de todo e qualquer invólucro, mesmo que por poucas horas. Conseguiu pensar, refletir e entender muitas obscuridades criadas pelos axiomas da Formigreja, comandada pela Rainha. Se sentiu bem por infringir uma lei tão obsoleta. Se sentiu nua de qualquer sentimento ruim que possa existir. Seus sentidos aflorados, sua boca melada, seu rosto caído, seus olhos fechando, sua palidez momentânea. Riu.

Infelizmente não podiam assumir sua verdadeira paixão pelo mel de Joana, era proibido. Aderiram ao movimento secreto que visava a disseminação do mel. Era um movimento composto de diferentes raças: formigas, abelhas, gafanhotos, até mesmo algumas borboletas (animais conhecido pela sua conduta fiel as regras). Movimento pela liberdade de expressão, pensamento. Liberdade para ser ela.
Esqueceu, porém, que vive numa sociedade regrada por uma absoluta. Sua ideias conservadoras e que priorizam os poucos detentores do poder são imutáveis. Por enquanto.

Jussara acreditava se tornar mais humana por fazer parte de um movimento, como vira nas televisões da casa principal, humanos lutando contra o aumento das tarifas do transporte público. E ela estava se tornando mundana. Jussara, como todas criaturas, involuem para a raça humana um dia ou outro. Mal sabe ela a maldição que sua vida se tornará quando tornar-se uma mulher. Verá a escória em que a população humana esta sujeita. Enquanto isso continuará a se lambuzar, deleitar e gozar de tamanha liberdade controlada.