18 de janeiro de 2022

Alma camuflada

A água despejada da torneira em queda livre deixa sentir. O maço de cigarro vazio completo de uma espessa poeira inalante. O universo trazendo respostas às perguntas retóricas. A coincidência dos acasos da vida nos trazem a reflexão eterna de impotência. O cinzeiro cheio de mágoa e desejos incompletos. São as sobras do que não foi dito, mas deveria. Ele transborda e deixa cair todas possibilidades que achei estarem perdidas. A utopia de voltar a ser quem éramos comprime a real volatilidade vivida. Sem pernas para andar, o corpo se faz rastejar. A humilhação destilada queima a pele e completa o corpo num conjunto de novas cicatrizes camufladas. A corrida temporal que insiste em atrasar depleta a sanidade. Esperando vagamente a luz chegar, para me dizer, sem esconder, a realidade expressa no desejo. Sem saber o que dizer, mudo permaneceu. Na certeza absoluta que qualquer vencedor também vai perder.

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