17 de fevereiro de 2022

Os sentidos hígidos

Sabe-se la de que jeito parece que os segundos rolaram. O silencio já não contorce, o monótono já não enfatiza todos sentimentos aflorados, a distância já não imobiliza. Não minto que gostaria da antiga opção, me fez bem, mas a insistência me soa humilhante. Não quero repetir antigos reflexos, de outros, em meu futuro. Não quero internalizar o que senti com outros e introjetar naquele essas sensações. Não vou. 

Os dias parecem ter voltado ao seu tempo normal, a náusea já não crucifica, a angústia está desnutrida e a vontade gritante da preguiça se faz ausente. Tento recobrar os sentidos, o tato, mesmo solitário, permanece inalterado, a visão, já não borrada, observa todos cantos, o cheiro já não percorre mais em mim e seu sabor eu já esqueci. Ou não. 

Mas o sexto sentido permanece ali. Enclausurado, esperançoso de um dia reviver o que vivi.

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