24 de fevereiro de 2013

Uma história para ler ao som de Cordão


Nessa estado pós transcendental, me pego preso na seguinte dúvida: O que faz ser o que somos?

Pensamentos um pouco largados, ideias um pouco distorcidas, premissas um pouco ultrapassadas.
Somos a mistura do mistério da genética e a clareza do ambiente. De modos tão ambíguos, este com o macro-mundo da Terra e aquele com o micro-mundo humano.
Por serem tão ambíguos se tornam impossível de se separarem. Como a matéria e anti-matéria, ou o proton e elétron. E por não se separam se tornaram irmãs.
A irmandade criada por duas coisas tão distintas, culminou na vida das duas, gêmeas: Maria e Arlete.
Maria era a introspecção encarnada em pessoa, enquanto Arlete era a diversão, de modo que as duas se anulavam ou se integravam, como mais e menos.
Aos 20 anos Maria entrou para a faculdade, não se divertia, não gostava, não gozava.
Aos 20 anos, Arlete bebida, fumava e era o que quer ela queria que fosse. Gozava da vida, das pessoas, de suas próprias gozadas.
Maria se casou com o primeiro namorado,  casou, virgem, e pegou AIDS em sua primeira relação. Seu primeiro namorado é para outra história.
Arlete vivia espontaneamente, momentaneamente no presente que se tornou passado. Arlete bebia e fumava.
Com 36 invernos, Maria morreu, só. Não tivera filhos e não espalharia sua, então, genética.
Com 36 primaveras, Arlete se alterou, renunciou, brigou, gritou, amou e, por fim, entornou-se em um ambiente confortável para seu ego.
Arlete viveu 87 longos e bonitos anos, com muita beleza e muita tristeza, mas trazendo ao mundo a realidade ambiental em que ela viveu. Morreu bebendo e fumando.

Nessa viagem momentânea sobre a história de Maria e Arlete, passamos pela história do marido de Maria, José. Seja por algo ou não, José morreu no aniversário de dez ano da transa com Maria.
Entretanto, analisando a história social das duas personagens, percebe-se que a vida é dividida entre o micro e o macroambiente, de modo que cada um  influencia as pessoas de uma maneira.
A racionalidade e introspecção personificados na efígie de Maria, mostra a vida baseada na genética e na irrealidade que um preceito divino e surreal trazem ao mundo.
Enquanto o axioma trazido por Arlete, transmitidos pela emoção, extroversão e realidade explana a verdade sobre a vida influenciada pelo ambiente. Todas qualidades e defeitos introjetados por ela, construíram sua personalidade: os prédios, a fumaça, o álcool, o amor, a guerra e toda a história que um dia será revelada.

2 comentários:

  1. A Maria morreu mesmo? O micro-mundo não faz mais sentido? (umas perguntas que surgiram durante a leitura rs) Por mais que saibamos que a tese determinista não pode ser levada a ferro e fogo,ela tem a sua devida importância.E como algo experimental,somos apenas cobaias nesses mundos que nos cercam.
    - Esperarei a história ser revelada!

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    1. Sarinha, na minha lógica, o micro-mundo é muito menos relevante que o macro. O determinismo, entretanto, ultrapassa o conceito de micro-mundo. O efeito e a causa, conceitualizados tanto filosoficamente quanto cientificamente, estão acima do micro-mundo em que Maria viveu. Ela morreu, com a fé de que o certo é o certo. A causa seria o desenvolvimento de uma vida regrada e distante das atrocidades que fazem o empirismo valer. Entende? Já Arlete, que soube desfrutar de todos os baques e surpresas que a vida lhe proporcionou, desfrutou de uma vida longa, não necessariamente certa para que a ciência julga certa.
      Beijos e saudades.

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